5 de novembro de 2010

O Archote

Nos meus tempos de liceu, existia, ali para os lados do Mundial, o CrazyNights, uma disconight onde os meus pais nunca me deixaram ir. Nem me lembro se pedi muito ou pouco, certo é, que nunca fui. Mas, às matinées d’O Archote, a essas, já me deixavam ir. Reza a lenda que, O Archote, onde os meus pais me deixavam ir mas não ao CrazyNights, à noite, se transformava em bar de alterne. Ou melhor, era um bar de alterne com matinées para putos. Mito urbano, ou não, nunca vi, estou a falar de uma daquelas boîtes, numa cave, forrada a veludo e espelhos, muito 80’s. Pensando bem, acho que até tinha um varão a um canto, mas não posso afiançar. Bebíamos Pisang Ambon misturado com uma coisa qualquer e dançávamos feitos loucos tardes a fio. Nunca lá estava mais ninguém a não ser a minha turma, wonder why. Naquela altura, tínhamos sempre, uma paixão arrebatadora que nos fazia sofrer como se o mundo fosse acabar de um dia para o outro. A minha era o Gonçalo. Rapazito imberbe e franzino, que tinha horror a gatos pretos e rezava ao Santo António cada vez que perdia alguma coisa. Falávamos tardes inteiras ao telefone, fixo, claro, mas se demos um chocho, foi muito. Encontrei-o aqui há alguns anos num restaurante da costa e estava igual, sem piada nenhuma. Imberbe, lá está. Mas, ansiava pelo slow que fechava a pista, havia sempre um, para ver se o apanhava a jeito, mas o Gonçalo fugia sempre. De mim e das outras. Sim, porque havia sempre uma qualquer, apaixonada pelo mesmo rapaz. E lá fugia ele para a porta, para apanhar ar. Maricas. Eu (ainda) não mordia. E pronto, sete horas e lá vinha o meu pai buscar-nos, à porta da casa de alterne, perdão, da boîte, depois de uma tarde bem passada. Good old days.

7 comentários:

  1. Nem de propósito! Eu passava as tardes de 4ªf e de sábado nas matinées do Crazy Nights (que à noite também se transformava em algo tipo bar de alterne mas requintado)e também tinha uma dessas paixões assolapadas que durou toda a minha adolescência. Esta semana reencontrei-o no FB e daqui a umas horas vamos beber um cafézinho para matar saudades desses good old days:-)

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  2. Eram tempos bem engraçados :) Já n há matinés como antigamente :) Nem festas de garagem...

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  3. tenho orgulho em dizer que nunca na minha vida estive numa matiné...passei logo para o after-hours quando comecei a sair!!

    Mas havia em Angra matinés na Twins (com veludo vermelho e espelhos)...mas nunca lá meti os cotos! :)

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  4. ....
    Chiça...isto está cada vez melhor..
    Fiquei emocionada ao ler isto...eu nunca fui a uma matinée dessas, porque onde vivia não havia nada disso e não queriam que viesse para lisboa, de boleia :-)
    Mas haviam as deliciosas festas de garagem...e sim...essas paixonites...do que me foste lembrar agora. Recordo cada festa e que musicas eram e quando tocava o primeiro acorde aquele frio na barriga, ele vem buscar-me ou não...obrigada de coração.
    Há coisas que nos aquecem o coração
    beijo
    Kat

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  5. Matinées no Crazy Nights e no Central Park. Ah, e os slows. Os slows, o momento mais aguardado. Sweet sixteen :)

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  6. Já não me lembrava das matinées no Archote!!!ehehe

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  7. E nunca mais na vida teremos uma vida como a que tinhamos nesses "tempos"...

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