Cat Lady

Quando olham para a cicatriz, originada por um arranhão, que tenho no meu braço direito, a reacção típica é: “Que horror! Por isso é que não gosto de gatos!”. E eu sorrio e digo qualquer coisa do género “já passou” ou “isto não é nada”.
Tenho gatos há tempo suficiente para saber que, para quem tem esse tipo de conversa, o “não gosto de gatos”, nem sequer vale a pena explicar a situação que originou o arranhão. É sorrir e acenar, qual pinguim de Madagáscar.
Não vale a pena explicar que o meu gato me pediu colo (sim, o meu gato pede colo), para poder subir para as minhas cavalitas e andar comigo pela casa, a ver de cima, o que eu ando a fazer, enquanto ronrona aos meus ouvidos e me dá turrinhas na cabeça. Não vale a pena explicar que, a passagem do colo para as cavalitas foi complicada e daí o arranhão. Não vale a pena explicar que não foi uma maldade, foi a sofreguidão de querer dar e receber mimo.
Se me doeu? Doeu, bastante até. Mas não é importante. Que todas as cicatrizes que tenho, principalmente as que não se vêem,  fossem como estas, de mimo.
Mas, nem vale a pena explicar, que com aquele ronronar, se perdoa tudo. Não iam entender. Porque “não gostam de gatos”.